Bagagens
07:29
Quem vive em um relacionamento sabe o quão difícil é lidar com a individualidade do outro quando postos sob ''convivência''. Isto porque a pessoa ao entrar na sua vida já vem carregada de bagagens antepassadas, bagagens de sua criação, valores, traumas, neuras, manias, tudo devidamente empacotado pra você saber lidar.
E como lidar?
Se tivéssemos a receita de bolo a pronta entrega, os números de divórcios não estariam dominando o status de relacionamento atual. Acontece que é bem mais fácil mandar de volta ao remetente, do que aprender a maneira correta de carregar.
Mas até que ponto isto vale a pena? Carregar bagagens de outro alguém? Quando na teoria, a praticidade está em desfazer as malas, os vínculos, e cada um que carregue a sua, sem que nem uma peça precise ser retirada do lugar.
Soa até meio egoísta. Na verdade completamente.
Ou não, desde que você não esteja nem um pouco afim de reorganizar as malas, de aceitar aquela cueca furada ou a tanguinha de ursinhos dela. Que você não esteja mesmo afim de deixar embarcar aquela toalha molhada que ora estará em cima da sua impecável cama. Mas se você não quiser mesmo, pode retirar essa meia que ficará caída atrás do móvel, essa mania de dormir com a tv ligada, o ferro de passar esquecido por ela em algum canto da casa, essa mania de ter mania de tudo e haja mania. Deixe pra fora da mala o jeito que ele deita sobre seu peito feito criança, ou aquela brincadeira de cócegas do domingo a tarde. Não precisa embarcar.
Ou tente de novo, peça por peça com a grande flexibilidade de aceitar, as suas trouxas misturadas com as tuas trouxas num consenso cabível deixando de lado aquelas que não lhes caibam mais. E que por respeito seja aceita aquela peça surrada que o outro, por mais que você não entenda, insiste em embarcar.
Ou apenas deixe.
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